É um fenômeno sociológico de grande magnitude e que requer estudo bem de perto, mas em suma, parece mais um efeito manada.
Quando um dos adolescentes é criado em um lar onde os pais são racistas, esse adolescente começa a crer nessas coisas. Não é x + y = z, não significa que por ser criado em um lar racista ele será racista, mas no geral é isso que acontece. Isso ocorre porque o adolescente, muitas vezes, quer ser aceito pela própria família.
Seja lá onde ele aprendeu esse conceito, aprendeu pra ser aceito. Digamos que nessa roda de colegas racistas, um ou no máximo dois tiveram uma criação racista. Seu grupo de amigos, para ser aceito e se manter no grupo, pisoteou a menina. Talvez tenha rolado alguma afronta por parte da menina negra (afronta que eu não tiro a razão, estamos em uma sociedade moderna em que todos aceitam opiniões alheias, mesmo que sejam farposas, sem recorrer à violência), o que contribuiu para que a revolta social e o efeito manada tivessem mais efetividade.
Muitos dos adolescentes quer a pisotearam não eram, de juri, racistas encarnados. Talvez eles fossem só "racistinhas" (o que não os abstém da culpa, são culpados pela morte e devem ser julgados como racistas), mas no âmbito sociológico, eles não são aqueles racistas de criação que citei, só foram levemente convencidos pelos racistas de criação (os "chefes" do grupo) que negros isso, negros aquilo e eles tem uma opinião muito superficial sobre as coisas.
Desejo força e coragem para essa família da adolescente pisoteada até a morte. Força para aguentar ficar vivo sabendo que a filha foi vítima de uma atrocidade desse tamanho, e eles — a família — não tinham nada o que fazer para evitar isso. Coragem, para enfrentar todos os processos legais, usualmente contra famílias um pouco mais abastadas, que seriam capazes de contratar advogados excelentes. Acredito que a justiça plena não será feita, mas a justiça constitucional será. Só seria justiça plena se todos os envolvidos fossem apedrejados até a morte ou pisoteados até a morte e seus corpos expostos em praça pública; não obstante, a família de cada um deles deveria contribuir para um fundo que pagasse uma indenização bem gorda pra família da mulher preta.
Como vivemos no século XXI, não dá pra gente fazer a justiça plena, então nos contetemos com a constitucional.